
Quase não consigo assistir ao jogo hoje.
Quando saí, sabia que perderia um pedaço de todo jeito, então resolvi relaxar e prestar atenção ao povo na rua, que não podia ou não queria assistir ao jogo. Vendedores de bandeiras no sinal, gente lavando o carro, passeando com o cachorro... Daí me lembrei de uma historinha da copa de 94. Da inesquecível Tia Irene.
A família do meu pai é muito religiosa; daí o fato de ele ter várias tias freiras ou beatas. Na década de 80, lembro que todas olhavam para nós, menininhas cheias de filós no cabelo e esmaltes verdes nas unhas, com olhar de reprovação. Vestido decotado então, era bronca na certa. Menos a Tia Irene.
Tia Irene tinha sempre um sorriso tranquilo no rosto, mãozinhas finas, branquinhas e carinhosas e as palavras mais divertidas nos lábios. Quando via nossos esmaltes berrantes, para desespero de suas irmãs, dizia: "que tal se você combinasse com o vestido?".
Para mim, que estudei em dois colégios de freiras com pedagogias, no mínimo, massacrantes, encontrar a Tia Irene era um oásis no deserto. Ela parecia não envelhecer, não adoecer, estava sempre lúcida e bem-humorada, cheia de piadinhas.
No dia da final da Copa de 94, meu pai estava com o pé quebrado e pediu que eu fosse, em seu lugar, fazer uma visita a ela na enfermaria da Santa Casa. Já fui paramentada, de camiseta e tal, pensando em como animar uma velhinha querida, magrinha, fraquinha, que, com seus 90 e poucos anos, estaria em um hospital enquanto o país inteiro vibrava com a Copa.
Para minha surpresa, Tia Irene estava com o bom humor de sempre. Cumprimentei, conversei um pouquinho, e comecei a contar a ela que naquele dia seria a final Brasil x Itália. Santa ingenuidade, Batman! Enquanto eu falava, a danadinha deu uma piscadela, esticou a mãozinha e puxou na cabeceira da cama um radinho de pilha: "e eu não sei?".
É, tia, você deve ter assistido ao jogo de hoje aí em cima em uma telona de plasma de primeira linha, né... pena que a molecada aqui embaixo te decepcionou. Mas em 2014 tem mais!
Quando saí, sabia que perderia um pedaço de todo jeito, então resolvi relaxar e prestar atenção ao povo na rua, que não podia ou não queria assistir ao jogo. Vendedores de bandeiras no sinal, gente lavando o carro, passeando com o cachorro... Daí me lembrei de uma historinha da copa de 94. Da inesquecível Tia Irene.
A família do meu pai é muito religiosa; daí o fato de ele ter várias tias freiras ou beatas. Na década de 80, lembro que todas olhavam para nós, menininhas cheias de filós no cabelo e esmaltes verdes nas unhas, com olhar de reprovação. Vestido decotado então, era bronca na certa. Menos a Tia Irene.
Tia Irene tinha sempre um sorriso tranquilo no rosto, mãozinhas finas, branquinhas e carinhosas e as palavras mais divertidas nos lábios. Quando via nossos esmaltes berrantes, para desespero de suas irmãs, dizia: "que tal se você combinasse com o vestido?".
Para mim, que estudei em dois colégios de freiras com pedagogias, no mínimo, massacrantes, encontrar a Tia Irene era um oásis no deserto. Ela parecia não envelhecer, não adoecer, estava sempre lúcida e bem-humorada, cheia de piadinhas.
No dia da final da Copa de 94, meu pai estava com o pé quebrado e pediu que eu fosse, em seu lugar, fazer uma visita a ela na enfermaria da Santa Casa. Já fui paramentada, de camiseta e tal, pensando em como animar uma velhinha querida, magrinha, fraquinha, que, com seus 90 e poucos anos, estaria em um hospital enquanto o país inteiro vibrava com a Copa.
Para minha surpresa, Tia Irene estava com o bom humor de sempre. Cumprimentei, conversei um pouquinho, e comecei a contar a ela que naquele dia seria a final Brasil x Itália. Santa ingenuidade, Batman! Enquanto eu falava, a danadinha deu uma piscadela, esticou a mãozinha e puxou na cabeceira da cama um radinho de pilha: "e eu não sei?".
É, tia, você deve ter assistido ao jogo de hoje aí em cima em uma telona de plasma de primeira linha, né... pena que a molecada aqui embaixo te decepcionou. Mas em 2014 tem mais!
Então é da Tia Irene que vem esse seu bom-humor delicioso?
ResponderExcluirAdorei!
Hum, não diretamente... tem o meu pai no meio da história. Até hoje vc não conhece o "Meu". É o melhor que tá tendo. Em breve no Beco de Baco!
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