quarta-feira, 13 de julho de 2011

Nouvelle cuisine






Aniversário do meu pai. Pediu um jantar-surpresa.



Muito empolgada, resolvi inovar: peixe assado com molho de porto e maracujá, acompanhado por uma tortinha de batatas com alho poró.



Soa bem, não? Pois só prestou o molho de maracujá.



Enquanto meu pai, gentleman, deglutia o grude, tentando disfarçar as lágrimas, minha irmãzinha, candidamente, comentava: "estou tomando um antibiótico, e na bula diz que devo evitar alimentos AQUÁTICOS e SUBTERRÂNEOS. Caso alguém se interesse, ainda tenho alguns na cartela, e vendo barato.".



No dia seguinte, recebo em casa uma encomendinha de mamãe, com um bilhete: "Querida Ana: na natureza, nada se cria, tudo se transforma". Era um delicioso purê de batatas, feito com as sobras da minha "obra de arte". A sabedoria é simples. Ou a simplicidade é sábia.

domingo, 3 de julho de 2011

Resiliência



Eu tenho a impressão de que já escrevi alguma coisa aqui sobre resiliência. Mas não achei de jeito nenhum. Vai ver eu desisti. Não sei.
Resiliência é uma palavra muito em voga atualmente, sob a ótica da psicologia. É um dos principais aliados de qualquer profissional, em qualquer mercado. Mais que isso: de qualquer pessoa, em qualquer lugar.

Aprendi o significado da palavra em um contexto que aparentemente não tem nada a ver com psicologia. Eu era publicitária, e um de meus clientes era uma indústria de colchões.
Á época, grosso modo, existiam dois tipos de colchões: o duro e o macio. Duros eram aqueles ortopédicos, que pareciam um pedaço de madeira, e macios eram os de mola ou de espuma muito mole, que afundavam quando você se deitava. Alguns dos colchões de mola já eram capazes de moldar-se ao corpo; mas não eram todos. Essa indústria estava lançando um colchão de espuma de alta resiliência. Isso significava que o colchão era de espuma, mas conseguia reproduzir essa capacidade de moldar-se, antes exclusiva de alguns colchões de mola.

Explicando melhor: ao invés de não ceder nada (como os duros) ou ceder completamente (como os moles), o colchão com resiliência respondia à pressão recebida, adaptando-se às curvas do corpo. Onde recebia mais pressão, afundava um pouco e, onde recebia menos pressão, "subia", compensando as curvas.
Isso evitava dores de coluna, apoiando e acomodando o corpo. Acho que esse conceito foi um marco na indústria colchoeira, e na vida de muita gente, que deixou de sentir dores por causa do colchão.

Hoje o conceito já se encontra incorporado. Meu colchão tem resiliência, e, provavelmente, o seu também. Agora chegou a nossa vez de aplicar o conceito à nossa vida.
Pessoas resilientes são pessoas que, acima de tudo, compreendem seus limites e capacidades. Sabem quando devem ceder e quando devem avançar. Ser resiliente é entender que, para estar bem, você não pode ser duro demais nem macio demais. Nem agressivo demais, nem passivo demais. E o mais importante: devem entender o lugar certo para ceder ou resistir.

E aí, como estamos? Passivos, absorvendo tudo, sem responder nunca? Ou endurecidos, resistentes? Boa questão para pensarmos quando colocarmos a cabeça no travesseiro. E com a ajuda do colchão.