quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Espremendo o limão





Minha mãe tem 74 anos. Há um tempo ela apareceu com uns tremores na mão e imediatamente todos ficamos neurados, com medo de parkinson, alzheimer, essas coisas. Aí meu pai a levou ao médico, que pediu uma tomografia e marcou o retorno.

No dia da famigerada consulta, eu e minha irmã ficamos ansiosas esperando o telefonema de retorno. Daí pelo fim da tarde minha irmã liga, anunciando o resultado: mamãe está bem, não tem nenhum problema neurológico, é apenas coisa da idade. O neurologista recomendou consultar um geriatra, etcétera e tal.

Mas o melhor vem agora.

Quando minha irmã disse "nossa, mãe, que bom que é 'veiêra', agora é só consultar um geriatra", a tiazinha de 74, repito 74 anos, sem um fiozinho de cabelo branco aparecendo e francesinha impecável nas mãos, deu um pulinho e passou o sabão: "é, mas não espalha, tá?".

Sabendo do ocorrido, corri pra ligar na casa dela pra tirar ondinha: "mãe, mas que ótima notícia, saber que você apenas está gagá!". E ela "uai, mas isso todos nós já sabíamos, né?". 

Pois é. A velhinha e as capirinhas. 

quinta-feira, 17 de maio de 2012

E se não fosse a Carolina


Tá. Ela é uma cidadã. Paga impostos como todo mundo. Sofreu invasão e um roubo, o que é crime.

Até aí, tudo bem.

O que me incomoda profundamente é a possibilidade de que o roubo das fotos dela pela internet tenha sido esclarecido no tempo relâmpago de uns três dias só porque ela é parte do olimpo.

 

Também me incomoda profundamente o fato de ter sido roubada uma semana antes dela, de saber como encontrar quem roubou e de já ter sido informada de que a polícia não vai fazer nada.

E, pra dar aquela pimenta nessa gororoba, ainda tem a cobertura patética e sensacionalista da Globo, anunciando o caso como se fosse algo novo, surpreendente, interessante.

Ah, gente, convenhamos: quem em seu perfeito juízo baixa um arquivo executável e ainda envia seu login e senha para um desconhecido?

Queria ver se não fosse a Carolina. Se fosse a Conceição, que apanha do marido; se fosse a Cristiana, que ontem foi assaltada e hoje tem que passar pelo mesmo lugar, desviando do mesmo ladrão para não ser roubada de novo. Se fosse a Cristina, que é extorquida todos os dias pelo banco. Se fosse a Carla, que custou a comprar uma geladeira e ela nunca funcionou.

Queria saber se em três dias o problema estaria resolvido. Se passaria na TV.

Tenho vergonha em reconhecer que, enquanto na França o novo presidente corta em 30% seu salário e o da sua cúpula, no Brasil a polícia se movimenta toda por uma meia duzia de fotos de uma celebridadezinha mimada. E o resto da barbárie continua a acontecer sem que ninguém se mova. Prontofalei.