Entrei pra ginástica. Como diz a Sabrina, minha prima, igualzinho ao Curupira. Já chego com os pés voltados para a porta, prontos para ir embora.
Eu odeio ginástica. Odeio ficar fechada em um lugar repetindo a mesma coisa. ODEIO, com muita, mas muita força, ficar com uma instrutora alucinada medindo minha pulsação (que sobe devagar e desce rápido porque eu corro, oras) e berrando "sua pulsação tá em 102? Tá baixa! Mais rápido!!!".
Mas o bom da ginástica é que ela me dá tempo e vazio mental suficientes para refletir: "você não ama correr na rua, vendo as pessoas e ouvindo música? Não estava super feliz? Então por que diabos deixou o que gostava? Isso não garante sua boa saúde?".
Acho que eu caí de novo na esparrela do corpo perfeito. Mas, afinal, o que é um corpo perfeito? Braços fortes ou definidos? Coxa grossa ou coxa normal? Abdômen magro ou tanquinho?
Bom, cada um pensa de um jeito. Nessa primeira semana de calvário, repetindo três vezes o mesmo circuito monótono, pensei o seguinte: para mim, corpo perfeito não precisa ser maravilhoso. É o que funciona bem, me leva aonde eu quiser, não me impede de vestir o que quero. Ah, e principalmente: aquele que fornece a estrutura para tentar melhorar a alma. Ou seja: o que eu já tenho.
Mas não vou abandonar a ginástica agora. Vamos ver se nas próximas três semanas eu descubro por que diabos não tinha percebido o quanto meu corpo imperfeito é perfeito. Então, vou poder sair do castigo e voltar ao que eu gosto: queimar a sola do tênis no asfalto.
Nada como fazer o que a gente gosta.