terça-feira, 22 de fevereiro de 2011




Entrei pra ginástica. Como diz a Sabrina, minha prima, igualzinho ao Curupira. Já chego com os pés voltados para a porta, prontos para ir embora.

Eu odeio ginástica. Odeio ficar fechada em um lugar repetindo a mesma coisa. ODEIO, com muita, mas muita força, ficar com uma instrutora alucinada medindo minha pulsação (que sobe devagar e desce rápido porque eu corro, oras) e berrando "sua pulsação tá em 102? Tá baixa! Mais rápido!!!".

Mas o bom da ginástica é que ela me dá tempo e vazio mental suficientes para refletir: "você não ama correr na rua, vendo as pessoas e ouvindo música? Não estava super feliz? Então por que diabos deixou o que gostava? Isso não garante sua boa saúde?".

Acho que eu caí de novo na esparrela do corpo perfeito. Mas, afinal, o que é um corpo perfeito? Braços fortes ou definidos? Coxa grossa ou coxa normal? Abdômen magro ou tanquinho?

Bom, cada um pensa de um jeito. Nessa primeira semana de calvário, repetindo três vezes o mesmo circuito monótono, pensei o seguinte: para mim, corpo perfeito não precisa ser maravilhoso. É o que funciona bem, me leva aonde eu quiser, não me impede de vestir o que quero. Ah, e principalmente: aquele que fornece a estrutura para tentar melhorar a alma. Ou seja: o que eu já tenho.

Mas não vou abandonar a ginástica agora. Vamos ver se nas próximas três semanas eu descubro por que diabos não tinha percebido o quanto meu corpo imperfeito é perfeito. Então, vou poder sair do castigo e voltar ao que eu gosto: queimar a sola do tênis no asfalto.

Nada como fazer o que a gente gosta.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Confiança



Quando entra em um táxi, o que você faz durante o trajeto? Normalmente aproveita para responder a alguma chamada ou mensagem no celular, lê alguma coisa ou simplesmente se distrai, observando o trânsito ou a paisagem. Será por que a gente consegue confiar no taxista e simplesmente não consegue ter o mesmo sentimento de entrega quando Deus dirige a nossa vida?

Ouvi esta reflexão ao lado de uma pessoa querida, ao mesmo tempo antiga e nova na minha vida. Ficamos muito impressionados. Lembrei o Evangelho que li aos seis anos, na missa da minha formatura no "pré". O texto falava sobre um navio em perigo, em alto-mar. Todos se angustiavam, gritavam, temendo a morte, menos o filho do comandante. Ele dizia: "por que temer? Meu pai está ao leme. Ele é o maior".

Por que será tão complicado deixar a vida mostrar o caminho? Afinal de contas, você se empenhou, fez tudo o que pôde, e agora simplesmente não resta nada a fazer, a não ser esperar que o Universo mostre o resultado do seu esforço. E ter a humildade de entender que não é você quem determina esse resultado; é o próprio Universo. Ou seja: nem sempre "dar certo" é acontecer como você deseja. Às vezes a gente simplesmente não tem visão suficiente, entendimento suficiente para entender o quanto deu certo, mesmo não parecendo. Então o tempo, sábio, demonstra o tamanho dos nossos enganos, da nossa onipotência, da nossa pretensão, da nossa infantilidade, da nossa ingenuidade em nos arvorarmos senhores do nosso destino.

Bom, de certa maneira, somos senhores, sim. Nenhum vento é favorável para quem não sabe aonde quer ir. O que nos falta é entender o limite do nosso poder. Compreender que o mundo não vai parar para que nós o compreendamos. Nós é que temos que parar para ouvir e entender o mundo.

Então, se você ainda não fez tudo o que podia, faça. Mas, quando sentir que chegou ao limite, permita-se ser levado pela brisa do mundo. Leia alguma coisa. Olhe pela janela. Saia na rua, encontre as pessoas. Fale a Deus sobre seu cansaço... feche os olhos e deixe-O carregar você no colo. Afinal de contas, você é o filho do Comandante.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Arrogância tem remédio?




Para mim, paciente não tinha que se chamar paciente. É cliente e pronto, como no caso de qualquer empresa ou profissional. O fato é que a paciência dos pacientes está chegando ao fim.

O tempo dos clientes é tão precioso quanto o dos médicos. Pouca gente pode se dar o luxo de permanecer sentado na sala de espera de um médico durante todo um período, aguardando uma
consulta. E mais: o mínimo que se pode esperar de um profissional SÉRIO é que ele consiga cumprir um horário.

Alguns médicos argumentam que se atrasam porque as consultas duram mais que o esperado. Assim sendo, é simples: basta ampliar os horários. De novo, argumentam que os planos de saúde pagam pouco. Mais uma vez, simples: descubra um diferencial que faça o seu serviço valer mais, e tenha mais clientes particulares. Se todo profissional faz isso, por que um médico não pode fazer?

Não sou economista, mas acredito nas leis do mercado. Se os planos de saúde chegaram ao ponto de pagar 20 reais a um médico por uma consulta, com certeza houve um caminho para que isso acontecesse. Se o preço está tão baixo, provavelmente há muita oferta. Trocando em miúdos: profissionais nivelados, iguais, que oferecem o mesmo tipo de serviço, que não se questionam, não se reinventam, não pensam em oferecer diferenciais ao cliente, como comodidade, simpatia, conforto... coisas de que as pessoas gostam.

Não sei o que as faculdades de medicina ensinam hoje, mas sei que as de dez, vinte, trinta anos atrás deviam ter ensinado que, quando alguém procura um médico, está vulnerável, muitas vezes inseguro, e por isso merece atenção especial, carinho, ou, no mínimo, consideração. A ganância tem levado profissionais a tratar pessoas como se fossem objetos.

Ao invés de tentar encontrar fora de seu consultório o culpado por sua falta de respeito, certos médicos deveriam olhar para dentro de si: que esforço eu tenho feito para me atualizar? Para crescer? Para conquistar meu cliente? Para MERECER ganhar mais?

Ao ligar para marcar uma consulta, a primeira coisa que pergunto é: "o médico é pontual?". Se a secretária responde "não", eu desligo. Minha saúde é preciosa demais para ser entregue a um profissional que não tenha respeito por mim.