domingo, 28 de novembro de 2010

Super Amigos




Muita gente vem à minha casa e implica que precisa ajudar a lavar as vasilhas. Acho que as pessoas pensam "coitada, já cozinhou tanto, agora tem também que lavar a louça...".

De tanto ouvir as pessoas implicarem, e de tanto brigar com elas e bater o pé, resolvi contar a verdade.

Quando eu era pequena, lá pelos quatro anos, meu pai tinha um amigo chamado Idalmo. Seu Idalmo era um sujeito muito simpático, que me dava uma atenção impressionante - nessa idade eu já falava pelos cotovelos.

Ele morava na casa dos meus sonhos. Na verdade era um castelo. E ficava me contando que, dentre outras maravilhas, no castelo morava uma fada: a Sá Fada (em Minas, Sá é uma abreviatura de Sra.). Além disso, as torneiras do banheiro deixavam sair coca-cola e guaraná, ao invés de água.

A casa do Seu Idalmo era mesmo tudo de bom. Tanto que eu resolvi que, quando eu crescesse, queria ter uma dessas. Por isso fui tratando de fazer amizade com pessoas interessantes; gente que eu gostaria que frequentasse minha futura casa. Por exemplo, o Super Homem, o Homem Aranha, o Coelhinho da Páscoa (para quem presto serviços em regime de outsourcing todo ano). E, logicamente, o Papai Noel.

Então. Todos os meus amigos menores de dez anos sabem que esse pessoal vive aqui em casa. Não o tempo todo, porque são famosos, porém tímidos, e não gostam de ficar se exibindo.

E todos têm uma coisa em comum: adoram picar cebolas e lavar louça!

Por isso, se você vier aqui em casa, fique tranquilo e aproveite. Quem picou a cebola não fui eu, nem sou eu quem vai lavar a louça!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Buquê

"Irmãzinha, você faz o meu buquê?"

Senti uma honra, uma emoção quando minha irmã me disse aquilo. Maior do que quando fui convidada para ser madrinha.

Era um pouco óbvio que eu seria madrinha, né... a única irmã da noiva. Mas receber a responsabilidade de fazer o buquê, as flores que acompanhariam aquela princesa de conto de fadas ao altar... era bonito demais.

Como bonita demais ficou a noiva. Como bonito demais foi ver aquela igreja enorme simplesmente lotada. Como bonito demais foi ver o Dani totalmente sem chão, balbuciando uma declaração de amor surpresa que brotava diretamente do coração. Como bonito demais foi ver meu pai saindo de fininho e, de repente, sua voz de tenor inundando a igreja em uma Ave Maria, que se transformou em uma salva de palmas e de lágrimas felizes.

Bonito demais também foi ver a alegria descontraída dos noivos, dançando a coreografia cuidadosamente ensaiada e brega do Sidnei Magal ao invés de uma valsinha careta. E ver uma festa simples, mas perfeita. Sem nenhum estresse, sem nenhum chilique. Perfeita.

Que este conto de fadas que começou no sábado seja assim, como as flores do buquê: perfeito em sua simplicidade, cheio de perfume, pleno de luz.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Verdades sobre a mentira

Custa falar a verdade?

Ah, custa. Muito. Pode custar uma amizade. Um amor. Um emprego.
Mas o interessante é que o preço da verdade não é custo. É investimento. O que você paga por dizer a verdade volta com juros e correção, enquanto o que a mentira cobra é definitivo.


Se a gente diz a verdade, corre o risco de magoar alguém. Pode afastar um amigo. Mas existe a possibilidade de que um dia ele valorize a verdade e volte.


Se mente, não tem risco: vai magoar na certa. A mágoa da verdade passa, a da mentira permanece. Faz um furo na alma.

Mesmo que a mentira não seja descoberta, ela se instala por ali, na alma de quem mente e passa a ocupar espaço, confortavelmente. Acorda a gente à noite, sobressalta de dia, acaba com uma festa... e o pior: vai se reproduzindo. Começa a gerar mentirinhas, que também vão se acomodando, e, quando a gente vê, já tomaram conta da casa.

A verdade não sai barato. Mas a mentira cobra aluguel.