quinta-feira, 10 de junho de 2010

Trem Bom


Na turma do curso de sommelier, o Sérgio se apresentou assim: "estou abrindo um restaurante, mas não entendo nada de cozinha. Eu entendo é de comer. Sou um glutão". Ele estava se aposentando de um banco e, de tanto comer coisas maravilhosas em vários Estados do Brasil, decidiu que queria abrir um restaurante.


Algum tempo passou, todo mundo curioso esperando o fim da reforma e a badalada inauguração. Na primeira semana, aproveitei para levar meu colega Ulisses, baiano proveniente de Brasília, para conhecer a novidade.


Não é um restaurante. É uma história. Você entra por um vagão de trem, com detalhes que deixam a gente meio bobo, como as "janelas" - fotos emolduradas que mostram uma paisagem fotografada em diferentes velocidades, como se o trem estivesse parando; malas incríveis que o Sérgio conseguiu num brechó... e ele sempre ao lado, comentando e dando as dicas.


O buffet foi instalado na "estação", que tem requintes como aquelas lanterninhas antigas, de estação de interior mesmo. E o Serjão continua: veja as luminárias, fui eu que fiz. E a pintura, foi meu sócio. Gente, e a adega! Toda feita com aquelas caixas bárbaras de vinho. E tudo ideia dos três.


Ulisses ficou encantado, tirando foto de tudo que é lado. E eu, que estou reformando meu cantinho, com a cabeça fervilhando de ideias. Uma delas foi tentar entender como é que três homens conseguiram trabalhar tão bem o lado direito do cérebro em um negócio.


Vai ver é porque é mais que um negócio: é um sonho. Fato é que, depois da inauguração, o Sérgio remoçou uns dez anos. Chega sempre cheio de novidades, trabalha de manhã, à tarde e à noite feliz da vida, não se cansa.


Fico pensando como seria se todo negócio fosse assim. Se a gente acordasse para o fato de que o melhor dinheiro do mundo é o que a gente ganha fazendo o que gosta, realizando um sonho.


Acho que eu posso dizer que meu trabalho é a realização de um sonho. Mas preciso confessar que senti uma pontinha de inveja do Serjão e do seu trem bom. Note que eu disse que o meu trabalho é a realização de UM sonho. Escreve aí que um dia ainda vou virar maquinista e servir um café coado na mesa igual a esse da foto. Bom demais, né, Uli?


Um brinde ao Serjão e a seu sonho realizado.


Ópera Clube Gourmet: Av. Olegário Maciel, 1422 - Lourdes - Belo Horizonte

6 comentários:

  1. Nada mais mineiro que o restô do Sérgio, amigo da minha amiguíssima Vick! E além de tudo bom que tem por lá, como se não bastasse, acrescente-se o melhor: a hospitalidade do lugar, a começar pelo jeito de receber pessoas demonstrado pelo Sérgio, que deixa transbordar para passageiros famintos desse trem todo o amor que colocou na concretização desse sonho... Que trem bão, sô! (Ulisses Pimenta)

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  2. Lugar pra receber um baiano tem que ser assim, Uli: não inaugura, estréia! Estamos esperando sua próxima visita. Mas avise antes para que minha mãe possa fazer casquinha de laranja. De monte. Graaaaaaaaaaande abraço!

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  3. que delícia! Quero conhecer!
    Sílvia

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  4. Vick, q delicia de post!!!!
    Sabe q eu q sempre fui radicalmente contra cozinhar vivia falando q não tinha o menor talento nem paciência, ando com uma pontinha de vontade de me aventurar por essas bandas? Porque realmente é muito gostoso ver as pessoas q a gente gosta se deliciando, não é não?
    Saudades, querida!!!
    Beijão...

    Raquel

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  5. É tão gostoso quanto comer...rsrsrsrs. Vamos cozinhar juntas?

    Beijos

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