domingo, 15 de agosto de 2010

Um texto enviado pela Fabi nesta semana falava sobre o estilo estadunidense de trabalhar. Dizia que, quando os russos querem dizer "trabalhando feito um cão", dizem "trabalhando como um americano".

O texto questionava a relação estranha que nossas culturas vêm estabelecendo entre as pessoas e o trabalho. Seguindo a tradição dos EUA, acho que, como dizia Marx, a cada dia ficamos mais alienados em relação ao resultado do nosso trabalho.
Cansados de mofar em escritórios servindo a grandes empresas, há pessoas que têm trocado seus trabalhos intelectuais por profissões mais "manuais", tendo mais contato com o resultado do que fazem, e estão se reapaixonando pelo trabalho.

Apesar de adorar o trabalho do qual eu vivo, confesso que às vezes eu balanço pensando nisso. Hoje, enquanto testava um produto para escurecer a madeira para fazer um acabamento na cozinha, fiquei pensando em quantos ofícios aprendi nesses últimos tempos, movida pela reforma da minha casa.
Com a Carol, aprendi a ser quebra-galho de eletricista. Ela é responsável por este lustre aí da foto, que tem nada menos que vinte lâmpadas e ilumina minha nova sala. Antes que eu terminasse a frase, ela já estava, lá de Brasília, projetando o lustre, conseguindo o material. Ligava tarde da noite, contando que tinha descoberto um jeito de fazer isso, de fazer aquilo. O lustre virou um projeto nas nossas vidas, nos aproximou mais, e me lembra que tenho uma amiga querida, todos os dias quando entro em casa à noite (atenção: o quebra-galho não é ela, sou eu!!!).

Com minha mãe, aprendi a organizar, a transformar um forno antigo em um diamante luminoso. Com meu pai, aprendi a lixar, furar, pintar... a ser versátil, a entender que pra tudo tem um jeito; é só correr atrás. Com minha irmã, aprendi que, mesmo que a gente não seja muito especialista em coisas de casa, o importante mesmo é dizer "tô aqui para o que precisar, é só me dizer e a gente se vira pra fazer". A gente aprende, e tudo acaba dando certo.

Enfim, a cada dia gosto mais de sujar a cara de tinta, serrar umas madeiras, bater uns pregos e ver o resultado. Colocar o lado direito do cérebro para trabalhar dá uma sensação gostosa. Parece que tocar aquele objeto, aquela parede, materializa o resultado do esforço de uma forma mais completa. Será?
Pra pensar... ou pra fazer, sei lá.

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